Há marcas indeléveis, sobradas de vidas idas, que hoje ganharam estatuto próprio e, por si só, assumindo identidades positivas, geram novos conceitos capazes de inventar paradigmas renovadores.
Morangos com chantili tornou-se uma figura de retórica que pressupõe o paroxismo do agradavelmente doce. Quem os não tiver para comer pode lambe-los com a língua da imaginação, ou utilizar o truque da sinestesia para saboreá-los com os olhos numa cartolina cor de rosa.
Não é fácil seguirmos os rastros dos nossos impulsos, mas quem o conseguir fazer vai encontrar muitas respostas inesperadas, que poderão clarificar as atitudes mais estranhas.
Às vezes, para compensar o sensabor do cotidiano, devemos entregar-nos a veleidades. Como a de inventar um mundo à nossa medida. Nem que para isso tenhamos de utilizar régua e esquadro.
A procura incessante do desconhecido inscreve-nos como candidatos ao mundo absurdo outorgado aos loucos. E é lá que reside a omnisciência tão invejada pelos perfeccionistas.