Uma rigorosa capacidade visual de discernir em profundidade de campo pode poupar-nos a erros colossais de confundir o que está ao nosso alcance com o inalcançável.
Quando a imensidão do caos nos paralisa o que temos a fazer é subdividi-lo em parcelas estruturadas, para que, enganando-nos a nós próprios, o possamos dominar.
Segundo a óptica de quem vê, uma ilha pode ser um continente e um continente uma ilha. Acontece que há ilhas muito mais ricas que continentes, tanto em diversidade como em quantidade e até mesmo qualidade. É uma questão de sabermos procurar o que nos interessa e termos coragem de sair da nossa viciada zona de conforto.
Passear entre naturezas complementares, no universo da visão, permite fruir o sublime. Sobretudo se o viajante, não sendo hipócrita, for uma personalidade sensível às mais leves nuances e misturas de cores.
Contrariamente ao que se supõe num olhar à priori, as atitudes aparentemente desligadas e sem interesses subjacentes, são estruturalmente sustentadas por organismos algo alicerçados.
Por vezes, a vista dá-se à liberdade de viajar sem destino pelas infinitas ofertas de cor e forma que o abstrato lhe proporciona. Porém, amiude se faz descansar em portos de abrigo que identifica involuntáriamente.
A ousadia não se coíbe de se manifestar nos mais redutores espaços. Extravasa as linhas agrilhoantes da quadricula milimétrica, impregnando fecundidade nos seus poros.