Se é que há simbolismo nas cores, se o verde simboliza a esperança, o vermelho só pode evocar a vida, pois não se pode negar a cor do sangue.
Em cada nascimento há esperança de vida boa.
Qualquer mancha abstracta que vá ganhando definição acaba por, mesmo involuntariamente, adquirir valor semântico. Cada observador interpreta-a consoante o seu estado de espírito.
À falta de melhor oportunidade, a estrutura que aprisiona pode servir de suporte para a libertação. Assim o prisioneiro alimente a pertinácia e conserve os laivos de esperança.
Quando o imponderável toma conta da acção é preciso não desanimar e esperar melhor oportunidade para levar a bom porto a proposta inicial. Por vezes é necessário colaborar com o opositor para conseguir harmonizar o objectivo.
As formas por inventar podem surgir do nada. O homem idealiza objectos, concretiza-os à escala das suas necessidades e molda-os mediante a sua utilidade. Por vezes resultam artefactos ergonómicos com formatos sui generes.
A vida é feita de retalhos. É preciso escrutiná-los: excluir uns e eleger outros.
Quem tiver mais mestria para os organizar e coser, melhor desfrutará do seu todo.
Sensualidade, luxúria e concupiscência quando se misturam podem gerar uma confusão bombástica e atacar mentes incautas. Até as que se presumem menos vulneráveis estão à mercê da encantadora serpente do pecado.
Se invertermos a perspectiva formatada e usual com que olhamos a nossa vivência, verificamos quão frágeis são as raízes das estruturas morais, sociais e politicas que nos sustentam.
No emaranhado da desordem há sempre uma ordem subjacente que não é vista por qualquer um. E nestas circunstâncias quem tem um olho é rei.
O rigor do olhar faz a diferença.
Uma visão sem rigor pode fazer uma leitura errada, correndo o risco de interpretar mal a mensagem emitida.
Há quem veja a paz nos arautos da guerra, e vice-versa. Ou numa bomba uma flor.
Uma mulher desgostosa, triste e desolada ofereceu a si própria um bouquet de flores com um poema incluso. E conseguiu o que queria: levantou a auto-estima.
Grande parte do que vemos é resultado do nosso olhar. Onde uns vêm figuras bizarras e medonhas que provocam desalento e paralisia, outros podem vislumbrar a luz ao fundo do túnel, absorvendo dela os raios da esperança e da reacção.
No seio de toda a prolixa informidade existe sempre algo que toma forma e procura equilibrar-se nela.
Por vezes, à luz da óptica da normalidade, criam-se os equilíbrios mais dispares e improváveis.
A intervenção humana no espaço sideral deixa marcas de visões quadradas e ângulosas. Enquanto não mudar de paradigma e de rumo, a humanidade não verá resultados mais harmonizados com a natureza.
As torres de marfim não têm dificuldade em erguer-se em qualquer contexto, mesmo que adverso. Assim o sonhador lhes proporcione as mínimas condições.
Os universos cor de rosa serão os mais férteis e fecundos para a sua proliferação.
A semelhança é um pólo aglutinador. Os sentimentos semelhantes tendem a juntar-se no mesmo quadrante. Ternura e amor, como brinquedos de pelúcia em cores pastel, aninham-se em saco de veludo macio.
Se é que existem cores infantís capazes de induzir um contexto de esperança, urge criar formas e figuras adequadas a essa mesma ambiência. Quiçá não será o primevo universo de iniciação a um novo paradigma de vida social.
A espirálea persistência do parasita perfura o âmago da consciência, suga a essência da vítima, expondo feridas sanguíneas passiveis de outras contaminações nefastas ao hospedeiro.
Nas grutas íntimas de cada um habitam seres incríveis que, ao espreitarem a realidade do exterior, nos podem surpreender, e moldar o nosso comportamento contra a nossa racional vontade.
A vida de cada homem descreve o seu percurso com variações de espessura e intensidade. Por mais rectilíneo que seja, não consegue evitar curvas e nuances que projectam no espaço social inevitáveis sombras das suas acções.
Partilhar e comungar pensamentos é uma forma simpática de contribuir para a osmose do amor. Prova de que o fluxo de atracção se pode fazer do espiritual para o carnal.
Se é que existe luxúria nas cores e sensualidade nas formas, então, numa sintaxe visual apropriada, a pintura pode levar-nos ao clímax do prazer.
Não será este o objectivo supremo das artes visuais?
Quando perdido por falta de referências credíveis, o olhar tende a agrupar elementos minimamente semelhantes e catalogá-los segundo um critério razoavelmente creditado no cérebro, provocando uma sensação de novidade que inquieta sem que deixe de ser agradável.
Como rios de magma ao rubro em planeta longínquo, as ideias geniais escorrem em torrentes, esperando ser recolhidas e buriladas por artífices competentes.
A mão humana tem produzido os mais diversos artefactos. Ao longo dos tempos a sua intervenção tem evoluído desde o primário arranhar dos dedos até à manufactura dos mais belos objectos.
Analisar contextualmente é uma forma de relativizar. E, quando o objecto se encontra bem demarcado entre parâmetros, é bem mais fácil de ser analisado pelo observador esforçado.
Os percursos individuais podem tornar-se comuns aos de outrem, mas há sempre particularidades que os diferenciam.
Tocam-se em determinados espaço ou tempo. Por vezes tornam o momento colorido. E seguem cada um o seu rumo.
Procurar porto de abrigo no magma das ideias em efervescência não é tarefa fácil para os mais incautos criativos, principalmente quando as coordenadas estão torcidas. Mas é sempre um esforço mental que trará recompensas a longo prazo.
A harmonia de um trio pode tornar mais interessante a linha melódica de uma composição. Com as diferenças marcadas em cada elemento, o todo ganha diversidade e força na representação.